domingo, 27 de maio de 2012

As primeiras formas de vida na Terra


Hipótese heterotrófica
A hipótese heterotrófica, é a mais aceita atualmente, supõe que os primeiros seres vivos teriam sido heterótrofos, isto é, incapazes de produzir seu alimento. Seriam formas relativamente simples de vida, surgidas pela evolução lenta de matéria inanimada, nas condições muito especiais da Terra primitiva.
Essa hipótese foi sugerida pelo biólogo britânico John Haldane (1892-1964) em 1929 e aperfeiçoada pelo bioquímico russo Aleksander Oparin (1894-1980) em 1936. Apesar de existirem pequenas diferenças entre as hipóteses desses cientistas, basicamente eles propuseram que os primeiros seres vivos surgiram a partir de moléculas orgânicas que teriam se formado na atmosfera primitiva e depois nos oceanos, a partir de substâncias inorgânicas. Segundo eles, há cerca de quatro bilhões de anos, ocorriam erupções vulcânicas, que liberavam grande quantidade de gases, como metano (CH4), amônia (NH3), gás hidrogênio (H2) e vapores d’água (H2O). O vapor d’água era o componente mais importante, foi formado pelas atividades vulcânicas. O oxigênio era muito escasso e não existia a camada de ozônio (O3), consequentemente as radiações ultravioleta atingiam diretamente a crosta terrestre, de modo que o calor era muito intenso. Descargas elétricas provenientes de tempestade, atingiam a superfície terrestre, e o planeta também era bombardeado por asteróides. Ácidos nucléicos e proteínas eram formados a partir dos gases da atmosfera primitiva. Nos mares primitivos existia uma espécie de ”sopa nutritiva” rica em matéria orgânica que foi se agregando e formando os coacervados. Esses coacervados não eram seres vivos, mas uma primitiva organização das substâncias orgânicas em um sistema semi-isolado do meio, podendo trocar substâncias com o meio externo e havendo possibilidade de ocorrerem inúmeras reações químicas em seu interior. Não se sabe como a primeira célula surgiu, mas pode-se supor que, se foi possível o surgimento de um sistema organizado como os coacervados, podem ter surgido sistemas equivalentes, envoltos por uma membrana formada por lipídios e proteínas e contendo em seu interior a molécula de ácido nucléico. Com a presença do ácido nucléico, essas formas teriam adquirido a capacidade de reprodução e regulação das reações internas. Nesse momento teriam surgido os primeiros seres vivos que, apesar de muito primitivos, eram capazes de se reproduzir, dando origem a outros seres semelhantes a eles. A teoria é defendida com o argumento de que os heterótrofos possuem uma maquinaria mais simples, sem a capacidade de produzir seu próprio alimento. A energia era retirada dos alimentos que eles consumiam através de um processo simples, semelhante à fermentação. Na fermentação, a energia é produzida através da quebra de moléculas orgânicas do alimento, gerando compostos mais simples. Ainda segundo essa teoria, com o passar dos anos o alimento disponível ficou escasso e algumas linhagens de seres vivos evoluíram, adquirindo a capacidade de fabricar seu próprio alimento, constituindo assim, a primeira linhagem de seres autotróficos, que provavelmente utilizavam a luz como fonte de energia para a produção de seu alimento.
Hipótese autotrófica
Os primeiros seres vivos que a Terra conheceu teriam sido autótrofos, isto é, capazes de fabricar seu próprio alimento, utilizando energia e material inorgânico do ambiente. Essa hipótese é aparentemente lógica, uma vez que todo ser vivo necessita de alimentos. E, como a primeira forma de vida não disporia de nenhum outro ser para se alimentar, deveria, para sobreviver, ser autótrofa. Sabe-se, no entanto, que as reações de síntese de alimentos são muito complexas, exigindo do organismo efetuador a presença de um notável equipamento enzimático, que lhe confira uma estrutura altamente especializada. É nesse ponto que reside a principal crítica à hipótese autotrófica: se os primeiros seres vivos eram autótrofos, deveriam ser portadores de uma estrutura relativamente complexa, o que contraria a teoria da evolução.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Panspermia Cósmica

Fonte: astrobioloblog.wordpress.com

A panspermia cósmica foi proposta em 1903 pelo químico sueco, Svante August Arrhenius (1859-1927). Essa hipótese supõe que a Terra teria sido contaminada em tempos remotos, por microrganismos oriundos do espaço, denominados cosmozoários. Essa hipótese, também conhecida como extraterrestre, propõe que os primeiros seres vivos chegaram à Terra, em fragmentos de meteoritos e poeira espacial. Por mecanismo ainda não bem explicados, esporos bacterianos ou mesmo bactérias alienígenas teriam sido transportados até a superfície terrestre. Uma vez na superfície, esses organismos teriam encontrado um ambiente favorável, passando a se desenvolver até os dias de hoje.
A panspermia tem sido alvo de muitas críticas, uma vez que as formas de vida conhecidas resistiram às dificuldades, sem proteção adequada, às adversidades cósmicas, tais como as grandes variações térmicas e as radiações mortais de alta intensidade. Além disso, o panspermismo não explica a origem da vida em si; apenas transfere o problema da Terra para outro ponto qualquer do Universo.
A teoria da panspermia encontra-se, ao menos hoje, desacreditada junto à ciência, mesmo havendo dados suficientes para confirmar a afirmação de que a estrutura da matéria no universo é, assim como a matéria no nosso sistema solar, igualmente descrita pela nossa tabela periódica, e para confirmar a afirmação de que há possibilidade de a vida desenvolver-se também em outros sistemas planetários que não o nosso. O descrédito atrela-se sobretudo ao fato de essa hipótese simplesmente transferir para lugares remotos do universo a questão sobre a abiogênese química da vida; ao passo que, factualmente verificável, tem-se ciência de que a vida desenvolveu-se e prosperou, até o momento, apenas na Terra.

Referências:
Biologia, Wilson Roberto e Paulino, Volume 1, 2006


John Needham X Lazzaro Spallanzani


Ao longo dos séculos, várias hipóteses foram formuladas por filósofos e cientistas na tentativa de explicar como teria surgido a vida em nosso planeta.
Até meados do século XIX os cientistas acreditavam que os seres vivos poderiam surgir espontaneamente a partir da matéria bruta ou inanimada. Esta teoria ficou conhecida como abiogênese.
 A abiogênese passou a ser contestada por pesquisadores que acreditavam que a vida só se origina a partir de outra vida preexistente. Esta outra teoria foi denominada biogênese.
Contrariando a teoria da abiogênese o médico italiano Francesco Redi (1626-1697) realizou em meados de 1688 experimentos para comprovar que a vida não surgia da matéria inanimada. O seu experimento consistia em colocar pedaços de carne crua dentro de frascos, deixando alguns cobertos com gaze e outros completamente abertos. De acordo com a hipótese da abiogênese, deveriam surgir vermes ou mesmo mosca nascidos da decomposição da própria carne. Isso, entretanto, não aconteceu. Nos frascos mantidos abertos verificaram-se ovos, larvas e moscas sobre a carne, mas nos frascos cobertos com gaze nenhuma dessas formas foi encontrada sobre a carne. Esse experimento confirmou a hipótese de Redi e comprovou que não havia geração espontânea de vermes a partir de corpos em decomposição.
Em 1745 experimentos realizados pelo inglês John Needham apoiaram a teoria da abiogênese. Nesse experimento, vários recipientes com caldos nutritivos de carne foram aquecidos e fechados, impedindo a entrada de ar. Depois de resfriados, os recipientes foram novamente aquecidos. Dias depois, Needham observou os conteúdos ao microscópio e verificou que continham diversos microrganismos. O experimento foi repetido várias vezes e sempre foram obtidos os mesmos resultados, sendo assim ele concluiu que a teoria da abiogênese era uma realidade comprovada.
Para combater a teoria da geração espontânea, o biólogo padre italiano Lazzaro Spallanzani, em 1770, repetiu os experimentos de Needham. Mas além de aquecer o caldo nutritivo, ele o levou à fervura durante uma hora. Depois de alguns dias ele verificou que o caldo não estava contaminado por microrganismo. Spallanzani alegou que os caldos de Needham não foram suficientemente aquecidos, permitindo que os seres vivos sobrevivessem no interior dos recipientes.
Needham rebateu as críticas, argumentando que a fervura havia destruído o “princípio ativo”, inibindo a formação de seres vivos nos caldos nutritivos. Esse tipo de argumentação a favor da abiogênese pareceu mais forte, de modo que as discussões sobre a formação dos seres vivos ainda continuaram.
A abiogênese sofreu seu golpe final por volta de 1862, quando Louis Pasteur (1822-1895), grande cientista francês, realizou vários experimentos com base na tese de Spallanzani. Seus resultados afastaram a teoria da geração espontânea e comprovaram a teoria da Biogênese. Confirmou-se, portanto, a ideia de que todo ser vivo é proveniente de outro ser vivo.  

http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Evolucao/evolucao2.php